O novo cenário político revelado pelas Eleições Municipais 2016

Dentre as 93 cidades do Brasil com mais de 200 mil eleitores, 28 serão comandadas por representantes do PSDB. No total, o partido conseguiu eleger 803 prefeitos, e a soma de toda a população desses municípios representa 23,7% dos brasileiros, maior índice para um partido em eleições municipais desde 2000 (o cálculo não inclui a população do Distrito Federal, onde não há eleição para prefeito). No entanto, o partido que mais conseguiu sair vitorioso nessas eleições foi o PMDB, que vai comandar 1038 cidades em todo o Brasil.

Diante de um cenário político caótico, marcado por grandes investigações de corrupção e um impeachment, o que se viu nas urnas em 2016 foi bem diferente das eleições anteriores.

Muitos partidos com siglas de menor expressão conseguiram se eleger em grandes cidades, como Belo Horizonte, que será administrada a partir de 2017 por Alexandre Kalil, do PHS. O G-93, grupo das capitais e cidades com mais de 200 mil eleitores, também contará com a administração de representantes do PMB (Caucaia, CE), PTN (Osasco, SP), Solidariedade (Olinda, PE), PSC (Cascavel, PR), PHS (BH e Betim, MG) e PTB (Canoas, RS e Anápolis, GO), partidos de pouca representatividade, mas que nessas eleições conseguiram apresentar crescimentos de 31% a 150% em relação aos anos anteriores.

A grande derrota ficou a cargo do PT. O partido, que em 2012 elegeu 638 candidatos, em 2016 conseguiu conquistar somente 254 prefeituras, dentre elas, apenas uma capital, Rio Branco, no Acre. Essa grande queda, que começou no primeiro turno, se consolidou no último domingo, quando sete candidatos que disputavam o segundo turno pelo PT perderam para seus concorrentes.

Com 35 partidos registrados oficialmente na justiça eleitoral, seis a mais do que em 2012, o pleito deste ano também ficou marcado pela grande quantidade de candidatos que disputaram as 5.568 vagas para prefeito. Nessas Eleições, as 16.565 candidaturas fizeram com que 13 partidos diferentes conseguissem pelo menos uma vitória nas 26 capitais do país. Em 2012 apenas 10 partidos conseguiram eleger representantes para comandar as capitais.

Outros dados que chamaram a atenção em 2016 foram os altos índices de abstenções e votos nulos e brancos. No segundo turno do Rio de Janeiro, 1,3 milhão de pessoas (26,8%) não compareceram às urnas para votar, e cerca de 570 mil eleitores anularam o voto. Nas 57 cidades que participaram do segundo turno no último domingo, o total de abstenções foi de quase 7,1 milhões de eleitores. Os votos brancos se aproximaram dos 936 mil eleitores e os nulos somaram 2,7 milhões de eleitores. No primeiro turno, a soma dos votos nulos, brancos e abstenções superou o número de votos do primeiro colocado em nove capitais do país.

Especialistas atribuem esses altos números à insatisfação dos brasileiros com os partidos e candidatos da atualidade, por conta da grave crise política que começou em 2013 com as manifestações de rua, e se intensificou este ano. As alianças políticas concretizadas nessas últimas eleições também colaboraram para a mudança do atual cenário nacional. Agora espera-se que essa nova cara da política se consolide em 2018 com a eleição presidencial, onde a tendência é de que o país se reorganize e volte a se estabilizar politicamente.

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