Mesmo diante do cenário de recessão econômica, a queda nos índices de inflação pode demorar a chegar. Na teoria, uma recessão econômica, por afetar a renda das famílias e, consequentemente, a demanda de bens/serviços, deveria gerar uma pressão para que ocorresse redução de preços, porém, no caso do Brasil, mesmo diante de um grave cenário de retração econômica, os preços continuam elevados. Por que isso acontece?

Isso ocorre porque grande parte dos bens/serviços, que compõem a cesta de consumo da população brasileira, possui seu valor atrelado a índices de correção de preços passados, ou seja, o valor dos bens/serviços ofertados no mercado hoje, estão refletindo o aumento de preços em meses anteriores e que não haviam sido repassados ao consumidor final. Este fenômeno é conhecido como indexação.

Contudo, além da questão da indexação, mesmo em um cenário de recessão econômica, o salário mínimo aumentou 11%, ajudando as famílias a manterem seu poder de compra, e isso também é um fator determinante para que o nível de preços em geral continue elevado.

Mas, em algum momento, a retração no nível de atividade econômica se refletirá na economia brasileira, gerando uma redução nos preços.

Embora a redução de preços seja algo positivo, não há muito o que comemorar, pois se os preços caem em face da recessão econômica, isso quer dizer que o desemprego está aumentando, que os investimentos foram congelados e que as famílias estão perdendo seu poder de consumo.