Paixão e política, riscos e acertos

Paixão e política, riscos e acertos

Ao perguntar sobre política para os amigos, familiares ou em uma conversa de botequim, a reação do ouvinte quase sempre é de incômodo. Há aquelas exceções em que a pessoa mostra sua opinião e enfrenta o assunto ao argumentar seu ponto de vista… pronto, ali já surgi um intenso debate. Mas de uma forma ou outra as pessoas sempre têm uma opinião própria sobre política.

Agora, o que leva o indivíduo a se apaixonar a ponto de ingressar na carreira política? Ou o que leva um eleitor a gostar de um determinado candidato, ou se dedicar à um partido? Pra onde vai esse amor quando o partido ou uma figura política cai em descredito com a sociedade? A resposta para tudo isso pode ser paixão. Saiba o porquê.

Recentemente, em artigo publicado na revista Época, o filósofo Fernando Schuler citou que “o passionalismo partidário [sentimento de amor e dedicação intensos por um partido político] é um tanto ridículo, ainda que eficiente, para quem se aproveita para chegar ou se manter no poder”. Hoje, os políticos se aproveitam dessa paixão, quase um fanatismo, das pessoas por partidos e figuras políticas para se manter no poder.

Quando um candidato ou um eleitor, ambos de primeira viagem, se encontram com inúmeras siglas de partidos e seus conceitos, muitos conflitos acontecem na sua cabeça. É possível ser comunista, socialista, liberal, conservacionista, de esquerda, de direita hoje em dia? Parece confuso, mas é o que defendem muitos dos partidos aí existentes.

É possível “torcer” por um partido? Assim como no futebol existem os torcedores, nos partidos existem os militantes, que militam pela causa, pela filosofia partidária (aquilo que os partidos defendem). Muitas vezes filiados, estes militantes, ou mesmo eleitores, se tornam torcedores das ideias daquele partido, do qual agora fazem parte. Imagine só, quando a sua instituição defende a volta da CPMF (imposto), estes, defendem a volta desse imposto por meio de argumentos, buscando um bem maior e coletivo que ultrapasse os limites partidários, eles, sim, são apaixonados vorazes. Mas, e quando o eleitor apaixonado não concorda com a decisão do seu partido? Ele deixa de torcer ou segue confiando no time? Imagine, que o político pelo qual você tem admiração mude para um outro partido. Daí você se pergunta: Continuo torcendo por ele e por consequência pelo novo partido em que ele ingressou, ou você permanece no time que o político abandonou, muitas vezes, por não concordar com as ideias desse partido?

O ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, julgador do Mensalão, disse uma vez ao G1 que o país precisa de uma reforma política que diminua a influência dos partidos na escolha dos candidatos e que aumente a participação popular, de forma a quebrar com essa paixão, que muitas vezes cega alguns eleitores, e com a tendência dos partidos a governarem para si próprios.

Ao se afastar um pouco da paixão por instituições políticas, o cidadão consegue ser mais racional, e não vê o mundo polarizado, dividido em dois polos, esquerda ou direita, tal partido ou tal partido. É necessário sim existir oposição, mas, hoje, no Brasil, a oposição, assim como os demais partidos, vivem em função de conquistar a permanência do poder e não de implantar melhorias. O eleitor se depara com alianças a favor de um governismo, alianças que não seguem os ideais de suas siglas, mas sim a ânsia de manutenção do poder.

 

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