XP eleva projeção para o Ibovespa para 115 mil pontos em 2020 e destaca quatro fatores principais

Analistas acreditam que impactos da crise irão diminuir nos próximos meses, enquanto governos devem lançar novos pacotes de ajuda econômica

Otimistas de que os efeitos da pandemia comecem a se dissipar nos próximos meses e que os estímulos econômicos e monetários sigam aumentando para ajudar os países, a XP Investimentos elevou sua projeção para o Ibovespa no fim deste ano de 112 mil pontos para 115 mil pontos (confira o relatório clicando aqui).

Em relatório publicado neste fim de semana, a equipe de Research da XP destaca que julho foi o quarto mês seguido de alta da bolsa brasileira e que isso se deu conforme “os riscos das três crises que o Brasil vive (Saúde, Econômica e Política) dão sinais de melhoras marginais”.

Desde o pior momento da crise, em março, o Ibovespa já subiu 62%, apesar de no ano ainda acumular perdas de 9,6% em reais, sendo queda de 30% em dólares. Com esta recuperação, a bolsa nacional já não é mais a pior do mundo, mas ainda ocupa o 5º lugar entre as piores.

Para justificar sua mudança de projeção, a XP destaca quatro fatores que devem mostrar melhoras neste segundo semestre:

1. Os efeitos da pandemia comecem a se dissipar: A XP espera que os impactos da Covid-19 comece a se reduzir nos próximos meses, assumindo que haverá uma ou mais vacinas aprovadas até o fim do ano. Além disso, os analistas consideram que não haverá uma grave 2ª onda da pandemia. Contudo, pondera: “uma 2ª onda da Covid que leve a uma nova paralisação das atividades no mundo continua sendo o principal risco para os mercados globais”, destacam.

2. Aumento dos estímulos econômicos e monetários: Os analistas destacam que, até agora, mais de US$ 20 trilhões já foram anunciados em pacotes monetários e fiscais ao redor do mundo, o que equivale a 23% do Produto Interno Bruto (PIB) global. A visão de que ainda teremos novos estímulos se dá por conta da dificuldade que o setor de serviços segue enfrentando e por ser a área onde mais se emprega pessoas no mundo, os governos terão a necessidade de ajudar.

3. Recuperação das economias: Os países que passaram primeiro pela pandemia, como na Ásia e na Europa, já mostram claros sinais de recuperação econômica. Apesar das economias ainda darem sinais de impactos que ficarão por um tempo longo, como alto desemprego, alto endividamento dos governos, dentre outros, a rapidez da reabertura também tem surpreendido”, destaca a XP.

4. Melhora da agenda política: Os analistas apontam que, após grandes tensões entre os três poderes no Brasil e a troca de três ministros só em maio, houve uma melhora gradual nas tensões políticas no país, e isso deve seguir evoluindo.

A equipe de análise também destaca que, em pesquisa feita com 357 assessores de investimento de escritórios autônomos filiados à XP, 82% acreditam que o Ibovespa superará os 110 mil pontos até o fim do ano, sendo a média de palpites de 111.074.

No caso do câmbio, os analistas da XP apontam uma maior estabilização do dólar frente ao real entre R$ 5,20 e R$ 5,40. “Porém, o câmbio ainda se encontra com alta volatilidade, o que é prejudicial para a economia real”, afirmam.

A XP lembra que o Dollar Index (índice que mede o dólar contra uma cesta de moedas) caiu 4% desde junho, enquanto o euro subiu 4,8% ante a divisa americana, ao passo que moedas emergentes ganharam 1,4% no período. Isso mostra que este movimento de queda do dólar não foi algo isolado e sim um sinal de fraqueza da moeda.

Entre os fatores apontados que ajudam a explicar o movimento estão a recuperação econômica de outros países, como os da Europa, a baixa taxa de juros nos Estados Unidos e o aumento de impressão de dinheiro por lá. Além disso, os grandes pacotes de estímulos também resultam em maior dívida, mais impressão de moeda e consequente valorização dos ativos como ações e commodities, caso de ouro, cobre e prata.

“Se esse movimento de fraqueza do dólar é sustentado ou não, ainda é difícil de dizer, pois o dólar continua sendo a moeda de reserva de valor no mundo, e a moeda que mais de 80% do comércio global se baseia”, explica a XP destacando a potência econômica que são os EUA, o que sustenta sua moeda.

“Uma taxa de câmbio mais estável é muito importante para que o Brasil consiga voltar a atrair investimentos de investidores e empresas estrangeiras”, afirmam. Diante disso, os analista mantiveram a projeção do câmbio, com dólar em R$ 5,20 ao fim deste ano e voltando para R$ 4,90 até o fim de 2021.

Entre os pontos de atenção para os investidores nos próximos meses, a XP aponta ainda a questão da reforma tributária, que segundo os analistas seria um “grande passo para destravar a economia”. Já no lado internacional, as tensões entre China e EUA podem se tornar um risco, principalmente se surgirem novas sanções ou descumprimento de acordos já feitos.

Carteira recomendada

A XP aproveitou sua revisão de projeção para o Ibovespa para também divulgar sua carteira recomendada para agosto, com apenas uma mudança: entra Locaweb (LWSA3) e sai EzTEc (EZTC3).

Segundo os analistas, esta alteração é visando “aumentar a exposição ao tema de tecnologia e varejo online”. Eles destacam ainda que a Locaweb “oferece uma combinação de crescimento forte (com alta rentabilidade) e perfil defensivo”.

A XP aponta que, embora os múltiplos da companhia pareçam altos, com as ações negociando em 9,8x EV/Receita em 2021 (vs. cerca de 11x para competidores globais de Software como Serviço (SaaS)), a expectativa é que o crescimento da Locaweb ultrapasse o de seus principais pares internacionais.

Com isso, a composição da carteira XP para agosto ficou em Banco do Brasil (BBAS3), Gerdau (GGBR4), Vale (VALE3), B3 (B3SA3), Vivara (VIVA3), Lojas Americanas (LAME4), Via Varejo (VVAR3), Localiza (RENT3), Locaweb (LWSA3) e Iguatemi (IGTA3).

Fonte: InfoMoney