Santander recomenda compra da bolsa brasileira após queda de 35% no ano

Após atingir 13,8 vezes em janeiro, um dos principais termômetros para medir se as ações estão caras ou baratas, o múltiplo preço/lucro (P/L), está em 9,5 vezes, abaixo da média história de 11 vezes.

O Santander reiterou recomendação de compra para a bolsa brasileira, ao acreditar que ela tem potencial de subir e que os preços estão abaixo do valor após a queda de 35% em 2020.

Em relatório o estrategista-chefe para América Latina do Santander, Daniel Gewehr, pontua que os múltiplos estão abaixo da média histórica, o que pode indicar que a bolsa está mais atrativa.

Já o “price to book” (P/B), que mede a relação entre o preço e o valor contábil de um ativo, está em 1,2 vez, perto do mínimo da história. Durante a crise de 2008, por exemplo, o P/B do Ibovespa atingiu 1,3 vez e o menor valor foi alcançado em junho de 2013, em 0,95 vez, enquanto a média em 10 anos é de 1,6 vez. O pico foi em janeiro de 2020, de 2,34 vezes.

O estrategista do Santander também chamou atenção, no relatório, para o fato de os investidores locais continuarem resilientes, com fluxo positivo em R$ 56 bilhões no acumulado do ano, sendo R$ 20 bilhões individuais e R$ 36 institucionais. Já os estrangeiros “estão mais leves”, segundo ele, com saída de R$ 58 bilhões. “Ainda acreditamos na realocação de ativos domésticos a médio prazo.”

Em relação às reformas estruturais no Brasil, um dos pilares do avanço da bolsa, o estrategista do Santander diz que estão atrasadas, mas que o país está melhor após as reformas da previdência e trabalhista.

Em relação ao coronavírus, o Santander lembra que o pico de novos casos é esperado para o intervalo de 15 a 20 de abril. “O Brasil não tem uma trajetória clara definida ainda, mas já mostra sinais melhores do que Itália e Coreia do Sul no primeiro estágio”, comentou, acrescentando que a região metropolitana de São Paulo está em “lockdown”. “O dilema fica entre saúde e economia.”

Entre as ações que estão em estudo, o Santander menciona àquelas beneficiadas pela desvalorização cambial, como proteína, agronegócio e mineradoras.

O Santander ainda menciona que ao olhar para o passado de “circuit breakers”, que aconteceram 14 vezes desde 1997, a bolsa sobe, em média, 32% nos 50 dias seguintes. Já “circuit breakers” causados por fatores internacionais, que foram 11, a recuperação é de 20,8% na média.

Entre os riscos, o Santander elenca a habilidade do governo de sustentar a meta fiscal no longo prazo, retiradas de fundos de ações domésticos e o desenvolvimento da estabilização do mercado.

Fonte: Valor Econômico