Por que o dólar varia tanto?

Cenário internacional, ajuste fiscal e instabilidade política influenciam diretamente na cotação da moeda americana no Brasil. Desde 2014, os déficits nos cofres públicos levaram aos cortes de gastos, desaquecimento da economia e insegurança dos investidores.

Ultimamente, o brasileiro pode acompanhar boletins nos noticiários que mostram constante alta do dólar. No entanto, o que os jornais (e veículos de comunicação em geral) não explicam são os motivos pelos quais a moeda americana varia tanto, registrando índices de aumento e quedas. O dólar funciona como uma mercadoria em um supermercado, cuja escassez (falta) ou abundância (excesso) afetam o seu preço. Isto é, se existe muito dólar entrando em nossa economia, a tendência é que o seu preço caia, se existe um grande fluxo de saída dessa moeda, a tendência é de elevação de seus preços. Existem fatores internos e externos (internacionais) que podem ser responsáveis por essa alta.

Podemos destacar dois grandes problemas que estão provocando o aumento do preço do dólar internacionalmente: a política monetária dos EUA, que nos últimos anos está voltada para estimular investimentos no próprio país, mantendo a taxa de juros estável e com tendência de aumento, algo que atrai investidores e dólares para essa economia, retirando-os do Brasil, por exemplo. O outro problema é que a China tem crescido em um ritmo menor, e como consequência, está importando menos, inclusive do Brasil. Como resultado geral, a quantidade de dólares que entra na economia brasileira é menor.

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Já internamente, o conjunto, que engloba ajuste fiscal e instabilidade política, são fatores que influenciam o valor do dólar. O ajuste fiscal reduz o dinamismo econômico do país, assim como as expectativas de lucro das empresas e investidores.

Mas o que é ajuste fiscal? Desde 2011, Brasil tem enfrentado um desaquecimento na economia, com o PIB crescendo menos, a inflação ficando cada vez mais alta e o consumo mais baixo. Em 2014, foi a primeira vez em 18 anos que o governo fechou suas contas em déficit, com um orçamento em cerca de R$17,24 bilhões de gastos a mais do que sua arrecadação. A situação se repetiu em 2015, com as contas em déficit de R$ 114,9 bilhões. Esses números negativos afastam os investidores. Para tentar equilibrar essa situação, o governo realizou um ajuste fiscal, que pode ser definido como um processo de cortes nos gastos, uma estratégia que desaquece a economia.

Por outro lado, a situação política do Brasil está instável, não se sabe o que irá acontecer, as investigações da Operação Lava Jato atingem a gestão atual, as anteriores e membros da oposição do governo. Fato que afasta investidores nacionais e internacionais, que saem em busca de mercados mais estáveis, o que ajuda na maior variação do dólar.

Por Alcides Eduardo Dos Reis Peron