Mudança na regra de BDR abre porta para ETFs internacionais mais baratos no Brasil

Para Carlos Takahashi, presidente da BlackRock, agora vai ficar mais barato e fácil para gestoras oferecerem fundos espelhos de ativos ou índices negociados no exterior e gestora pretende trazer produtos descorrelacionados com o Brasil.

O mercado de investimento internacional partindo do Brasil deu um salto nos últimos meses. Com a Selic a 2% ao ano, aplicar uma parte do patrimônio em ativos lá de fora, com ou sem a variação cambial, se mostra cada vez mais uma opção interessante, tanto para buscar maior rentabilidade quanto para proteger a carteira.

BlackRock, maior gestora de ativos do mundo, está animada com a possibilidade, agora aberta pela Comissão de Valores Mobiliários, de trazer ETFs (fundos de índice) de fora. A autarquia anunciou hoje essa nova possibilidade junto com a liberação de BDRs (Brazilian Depositary Receipts) para pessoa físicas (até agora restrito apenas para investidores qualificados).

Em entrevista ao Valor Investe, Carlos Takahashi (o Cacá), presidente da BlackRock no Brasil, disse que a novidade anunciada pela CVM e que passará a valer em setembro trará custos menores para os gestores trazerem ETFs para o Brasil.

O custo e a eficiência com o BDR é maior, pois o custo de estruturar um ETF local é maior do que utilizar esta nova opção com o BDR. O ETF já está constituído lá fora. Com a medida, portanto, você traz o ETF diretamente pelo BDR; antes você teria que abrir um fundo local”, explica Cacá.

O ETF do índice S&P 500 (IVV), por exemplo, que é gerido pela BlackRock, não é, ao contrário do que muitos investidores acham, um ativo internacional – ele é um fundo local que replica o global e o investimento no índice é feito no Brasil pela B3, não lá fora. “O ETF de S&P 500 possibilitou um custo competitivo [por causa da alta demanda], por isso foi colocado no mercado”, diz o executivo.

Hoje o IVV tem R$ 1,9 bilhão de patrimônio e é um instrumento comum em fundos de investimentos que buscam diversificar o portfólio e colocar na carteira ativos menos correlacionados com o Brasil. Para se ter uma dimensão do interesse por ativos do tipo, no fim de dezembro o patrimônio era de R$ 400 milhões.

Sobre trazer novos produtos ao Brasil, agora que ficou mais fácil, Cacá diz que a empresa está analisando as opções. “A gente vem fazendo um estudo bastante amplo de quais seriam as opções, olhando sobre ponto de vista de diversificação, o que podemos trazer para ter correlação negativa com o que os investidores podem alcançar localmente. A ideia é trazer alternativas que estejam extremamente conectadas com diversificação. Temos que olhar para produtos que tragam maior resiliência para os portfólios em tempos difíceis e para aqueles que trazem retorno com ativos com baixa correlação”, afirmou ao Valor Investe.

Não há, porém, uma previsão de quando a gestora lançará ETFs internacionais aqui, mas o executivo diz que quer fazer isso “o quanto antes”.

“Claro que tem a norma que passa a valer a partir e 1º de setembro que exige ajustes operacionais, mas pretendemos ser bastante rápidos para trazer o quanto antes”, diz.

Em sua opinião, o mercado de investimentos sustentáveis, ESG, é um dos que pode se beneficiar com a medida da CVM, uma vez que o mercado internacional, em especial europeu, é muito mais desenvolvido em termos de ofertas de produtos do que o brasileiro.

Fonte: Por Naiara Bertão, Valor Investe.