Fundos de pensão querem se modernizar para brigar com PGBL e VGBL

Abrapp desenha um plano para atrair o interesse familiar e estimular a poupança a longo prazo dos mais jovens

As entidades fechadas de previdência complementar pretendem incentivar os brasileiros a poupar para a aposentadoria, aproveitando o interesse gerado pelo tema após a aprovação da reforma da Previdência. Entretanto, o setor tem consciência que precisa se modernizar para acompanhar as mudanças no mercado de trabalho.

Uma das iniciativas da Abrapp (Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar) foi a criação do “PrevSonho”, um plano de previdência voltado para os familiares dos participantes de planos de previdência fechados.

Previ, Funcesp, Valia, Fachesf, Capef e Funasa são algumas entidades que já começaram a comercializar o novo plano, que foi desenhado pela associação.

A ideia é permitir que parentes de participantes de fundos de pensão possam aderir ao plano de previdência. Apesar de ser uma poupança a longo prazo, as regras permitem retiradas parceladas para a realização de determinados objetivos, especialmente dos mais jovens.

O apelo de vendas é que, por serem entidades sem fins lucrativos, a rentabilidade do investimento será maior, devido aos menores custos administrativos.

De acordo com Luis Ricardo Marcondes Martins, diretor presidente da Abrapp, os fundos de pensão precisam se reinventar. Apesar de serem responsáveis pela gestão de patrimônio próximo a R$ 1 trilhão acumulado por 2,6 milhões de participantes ativos e 858 mil assistidos, o último fundo de pensão criado no Brasil foi o da empresa Toyota em 2010.

O setor vem enfrentando forte concorrência das entidades abertas de previdência complementar. São os fundos de previdência do tipo PGBL e VGBL comercializados pelas seguradoras e disponíveis nas agências bancárias e plataformas de investimento. Segundo dados da Susep (Superintendência de Seguros Privados), esses planos reuniam patrimônio de R$ 902 bilhões em dezembro de 2019.

Outra aposta dos dirigentes da Abrapp é nos planos instituídos, quesão planos patrocinados por cooperativas, associações, sindicatos e órgãos de classe.O maior operador desse tipo de plano é a Quanta Previdência. A Instituição reúne 100 mil participantes vinculados a 54 cooperativas diferentes e possui cerca de R$ 3,5 bilhões em ativos administrados.

Um dos desafios dos fundos de pensão é continuar investindo em capacitação técnica dos executivos, controles e governança. A imagem do setor foi arranhada pela atuação de gestores classificados por Martins como “gênios do crime”. A referência é aos diversos executivos que foram indiciados no âmbito da operação Greenfield da Polícia Federal.

Um passo para dar maior solidez ao sistema será tomado até o fim do ano, quando cada plano terá um cadastro próprio no CNPJ (Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica). O objetivo é dar maior segurança aos participantes de cada plano, que podem ser administrados por uma mesma entidade, mas com condições e políticas de investimento diferentes.

A divulgação mais eficaz da rentabilidade dos planos, ainda uma iniciativa individual de cada fundo de pensão, é um aprimoramento que tende a aumentar a competição com os fundos de previdência e de investimento. Hoje, a dificuldade de acesso aos dados de rentabilidade inviabiliza a análise comparativa feita por empresas independentes.

Fonte: Valor Investe