Dois pesos. Duas medidas. Mercado paga menos para mulheres

No Brasil, mesmo que por lei seja proibido, na prática, num mesmo trabalho ou função, as mulheres têm salários mais baixos que os pagos aos homens e são minoria dentro do mercado de trabalho.

A legislação brasileira dá garantias jurídicas para que o salário das mulheres seja sempre equivalente ao dos homens que ocupem a mesma função, é o que diz o artigo 5º da CLT, “a todo trabalho de igual valor corresponderá salário igual, sem distinção de sexo”, mas no Brasil, na prática, isso não é respeitado.

Um estudo da Organização Internacional do Trabalho, divulgado em 8 de março, data que marca o dia internacional da mulher, mostra que ainda são necessários 70 anos para acabar com a diferença de salários entre os sexos feminino e masculino no mundo. As mulheres ganham, em média, três quartos do salário do homem para a mesma função. No Brasil, as mulheres ainda ganham 22% a menos do que os homens. E dependendo da profissão, essa diferença chega a 40%. Fora isso, um terço das famílias brasileiras é chefiada por mulheres, e metade delas é monoparental, ou seja, cuidam sozinhas da casa e dos filhos. As mulheres dedicam mais do que o dobro de seu tempo para as tarefas domésticas do que os homens.

3. Profissão - infográfico

De acordo com uma pesquisa da Employer, empresa especializada em RH, realizada em 2015, no ranking das profissões mais procuradas por mulheres brasileiras, estão de Auxiliar Administrativo, Vendedor, Operador de Caixa, Recepcionista e Atendente. Em todas, elas têm salários menores que os homens: -7%, -13,8%, -6,1%, -7,2% e -6,9%, nesta ordem. O maior índice de desigualdade, porém, foi registrado entre professores, com homens ganhando 19,6% mais do que mulheres.

E NAS EMPRESAS?

Segundo o Relatório de Desenvolvimento Humano 2015, lançado em dezembro, pelo PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), na América Lati na, mais da metade das empresas não têm nenhuma mulher em postos de gerência. Uma realidade que com muitos esforços está apenas começando a mudar. A Unilever Brasil é uma das empresas que respeita a igualdade entre homens e mulheres. Nos últi mos três anos, ela aumentou em 15% o número de mulheres em suas posições de liderança. Em 2014, a empresa chegou praticamente à equidade de gênero, com 49% de executivas.

Outro exemplo é da Bacardi Brasil. Em 2010, as mulheres correspondiam a 26% da equipe e a 15% dos cargos de gestão. Atualmente, os números chegam a 30% e 70%, respectivamente. O aumento aconteceu devido a uma série de medidas da empresa. Uma delas foi sempre incluir ao menos uma mulher em cada processo de seleção para posições de gerência.

E NA POLÍTICA?

Segundo a ONU Mulheres, o Brasil ocupa o lugar 121º lugar no ranking de participação das mulheres na política, o sexo feminino ocupa pouco mais de 10% dos assentos no Congresso.