Dividendos de fundo imobiliário

Mais de 100 fundos imobiliários negociados em Bolsa, acumulou alta de 36%, superando o Ibovespa (31,6% no mesmo intervalo). Isso mudou 2020, com alguns investidores aproveitando para vender cotas dos fundos e embolsar o lucro acumulado.

O ajuste nos preços, porém, é visto como saudável, permitindo um novo ciclo de valorização no médio e longo prazo, o que vem atraindo mais investidores.

Os números de investidores nos fundos imobiliários só sobem Para se ter uma ideia, o número de pessoas físicas que aplicam nesses fundos passou de 125,8 mil, em janeiro de 2018, para 230,7 mil em igual período de 2019, um aumento de 83,4%, segundo informações da B3. A explosão, no entanto, ocorreu nos 12 meses seguintes: uma disparada de 210%, alcançando a marca de 715 mil em janeiro deste ano último dado disponível pela bolsa.

O universo brasileiro dos fundos imobiliários listados atingiu uma marca histórica e que deixaria qualquer “influencer” satisfeito: ultrapassou o milhão de investidores em agosto. Para mim, o ritmo de expansão deve se manter nos próximos anos. Os fundos imobiliários tem potencial até mesmo superar, em termos de participantes, o mercado de ações, que contabiliza cerca de 3 milhões de investidores individuais.

A visão otimista se apoia em vários catalisadores. Com o juro baixo vai continuar sustentando um fluxo de migração dos investimentos mais conservadores para o risco, o que beneficia o segmento, como mostra o próprio crescimento da base.

A renda passiva por meio do investimento em FII, com o recebimento dos aluguéis mensais em forma de dividendos, tem chamado a atenção dos investidores, uma vez que as cotas não apresentam tanta volatilidade quando comparadas ao investimento em ações.

Os dividendos dos FII nem estão plenamente recuperados da crise da pandemia, com exceção de alguns segmentos, como logística. Algumas categorias, como fundos de lajes comerciais e shoppings, estão com rendimento mais baixos, mas com potencial de melhora para os dividendos.

Os dividendos não são o único ganhro e talvez nem sejam a principal oportunidade dos FIIs para os médios e longos prazos. Os segmentos mais impactados pela covid-19, como shoppings e hotéis, por exemplo, podem apresentar chances de ganho de capital, com a valorização das cotas, para aqueles com horizontes mais longos de investimento e tolerância ao risco.

Acredito que, a partir da normalização dos hábitos dos consumidores e da retomada da economia, haverá uma janela de médio e longo prazos para ganhos com a valorização das cotas a partir de 2021.

Nossa recomendação sempre entender seu perfil de investimentos, se gosta de investir em imóveis é uma boa opção com as cotas em baixa, com ganhos à longo prazo.

Adriano Tizzo.

Consultor de Investimentos pela CVM.