Coronavírus não poupa rentabilidade dos fundos de previdência

Dinheiro: apesar do trimestre difícil para a maioria dos fundos previdenciários, a recomendação para o investidor é não se precipitar.

Levantamento feito pela Magnetis mostra que, de 1.521 fundos analisados 79,7% tiveram resultado negativo no primeiro trimestre

A preocupação com a mudança nas regras da aposentadoria, estabelecida pela aprovação da reforma da Previdência, resultou em um apetite maior dos investidores para planejar o próprio futuro. Em 2019, as contribuições em previdência aumentaram 23 4% em relação a igual período de 2018, somando R$ 11,5 bilhões, segundo a Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (FenaPrevi).

Naquele momento, o desempenho dos fundos de previdência também era motivo de empolgação: o ganho médio era de 11,1% e tudo indicava que 2020 não seria diferente. Até surgir a crise do coronavírus.

A pandemia colocou o mercado financeiro de cabeça para baixo e o investidor que olhou sua carteira de fundos previdenciários, principalmente em março, se deparou com um cenário assustador.

Levantamento feito pela Magnetis Investimentos mostra que, dos 1.521 fundos abertos para captação que já fecharam os dados do 1º trimestre, 79,7% tiveram resultado negativo e registraram quedas de até 40% na rentabilidade.

“Quanto maior a porcentagem de renda variável no fundo de previdência, maior será o risco. Isso significa que a possibilidade de perda também é ampliada, principalmente em cenários de alta volatilidade”, diz Gilvan Cândido, coordenador de MBA de Previdência Complementar da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

Dos dez fundos de previdência com o pior desempenho no primeiro trimestre de 2020, nove são de ações e um de multimercados. “A queda do Ibovespa causada pelo coronavírus afetou praticamente todas as ações”, diz Ana Carolina Barroso, gerente de produtos da Ágora Investimentos. “Portanto, os fundos de previdência com maior concentração nesse tipo de ativo também acompanharam a queda.”

Apesar da menor exposição ao risco e da performance mais estável nem todos os fundos de renda fixa conseguiram se salvar e fechar o trimestre com bom desempenho. Mas os motivos são outros. O pânico no mercado fez os juros futuros fecharem em alta, o que provocou a queda no preço dos títulos prefixados, assim como os papéis ligados à inflação. Fundos de previdência de renda fixa com muitas posições em crédito privado também sofreram.

Fonte: Estadão