Como fazer a gestão de patrimônio familiar?

Deixar que um membro da família seja responsável pela gestão de patrimônio familiar pode ser um empecilho para sua perpetuação e expansão. Entenda os motivos disso e saiba como um gestor profissional atua para garantir sucesso financeiro.

Quem nunca ouviu falar de casos em que todo o patrimônio de um avô rico ruiu com a má gestão dos filhos, deixando os netos empobrecidos? Organizar a gestão de patrimônio, garantir retorno financeiro e proporcionar tranquilidade e eficiência na sucessão são alguns dos principais objetivos da gestão de grandes fortunas familiares. Porém, famílias crescem mais rapidamente que as empresas e uma única decisão imprecisa pode comprometer este patrimônio de maneira definitiva.

É para evitar este grande erro que as famílias precisam se preocupar e se planejar se quiserem perpetuar seus negócios e patrimônios por gerações. Mas, esse trabalho deveria ficar a cargo de um membro da família ou de um profissional? No mercado financeiro, há um profissional especializado nesta função: o gestor de patrimônio familiar, ou wealth manager .

Entenda a seguir quais são os erros que a escolha de uma gestão familiar pode acarretar. Entenda também como um gestor de patrimônio especializado em patrimônio familiar ajuda a driblá-los.

Quais as desvantagens da gestão de patrimônio familiar?

Parcialidade

Quando um membro da família fica responsável pela gestão de patrimônio, o peso das tomadas de decisão é maior. Ainda que algum familiar queira se responsabilizar pela gestão de patrimônio familiar, provavelmente nem todos os membros da família ficariam satisfeitos. Com isso, a própria pessoa pode não se sentir totalmente confortável nessa posição. Sendo assim, cada novo passo é difícil de ser tomado, já que o comprometimento das relações familiares, que podem se tornar conflituosas, está sempre em jogo.

Demandas pessoais

O familiar que se torna responsável pela gestão de patrimônio fica sobrecarregado também no âmbito pessoal, o que pode acarretar um de dois problemas. O primeiro, é a falta de liberdade pessoal, uma vez que a pessoa estará sempre ocupada cuidando do patrimônio de toda a família. O segundo, é o familiar acabar priorizando o gerenciamento de sua própria carreira e deixar o patrimônio familiar fica em segundo plano. Afinal, resta pouco tempo para pensar em investimentos.

Inexperiência

Administrar a família é muito diferente de administrar uma empresa. O mesmo acontece na hora de fazer a gestão do patrimônio familiar. As decisões sobre investimentos  tomadas pelas famílias também são diferentes daquelas tomadas pelos executivos. Por isso, escolher um membro da família para fazer a gestão de patrimônio, ainda que se trate de uma pessoa experiente no mundo dos negócios, não garante a experiência necessária. A falta de expertise e conhecimentos técnicos nesse tipo de gestão específico pode levar o familiar a cometer falhas graves na gestão dos recursos.

Como fazer a gestão de patrimônio familiar?

O primeiro passo para garantir sucesso e sustentabilidade na gestão de patrimônio é realizar separação da gestão dos ativos pessoais da gestão de ativos da empresa. O objetivo é manter a confidencialidade e a própria segurança da família.

Após isso, eleja um ou dois membros da família para acompanhar mais de perto o trabalho do profissional responsável pela gestão do patrimônio. Essas pessoas podem fornecer informações relevantes ao gestor para ajudar a direcionar seu planejamento. Além disso, vão atuar como duas referências distintas, o que tornará as decisões mais imparciais.

Com os recursos familiares bem geridos, os membros da família podem focar em suas carreiras e em consolidar o capital intelectual, humano, social e financeiro. Desta maneira, o desenvolvimento dos negócios e a harmonia entre todos fica garantida, assim como a perpetuação do patrimônio.

Qual é o papel do gestor de patrimônio familiar?

Você já está ciente de que o profissional responsável pela gestão do patrimônio familiar administra o dinheiro da família. Porém, está não é sua única função. O wealth manager é muito mais do que um gestor de recursos financeiros. Ele é o responsável por auxiliar a família a cuidar de todos os seus capitais, até daqueles que a família ainda não compreendeu e que somados formam o capital familiar.

Cada um destes capitais possui seus objetivos e precisam estar alinhados às metas da família. Ou seja, garantir a realização pessoal de cada um de seus membros e a preservação, em longo prazo, do patrimônio. Conheça quais são os tipos de capitais a seguir.

Gestão de patrimônio: Capital financeiro

A gestão do capital financeiro envolve traçar uma estratégia para melhor alocar os bens e propriedades da família, adequando-os ao seu perfil de conduta e risco. O objetivo de gerir o capital financeiro é aumentá-lo ao longo das gerações e garantir a distribuição de dividendos periodicamente. Assim, garante-se, também, a qualidade de vida dos membros da família.

Cabe ao wealth manager definir com a família a melhor maneira de gerir o capital financeiro de acordo com suas metas, de forma precisa e esclarecedora. O gestor de patrimônio vai orientá-los em relação aos seus objetivos. Veja exemplos:

  • Garantir o crescimento e a preservação do patrimônio para herdeiros: garante a expansão do patrimônio por meio de investimentos;
  • Assegurar renda para as gerações atuais e futuras: faz a manutenção de um alto padrão de vida, o que está diretamente vinculado a gastos.

Gestão de patrimônio: Capital intelectual

O capital intelectual diz respeito ao conhecimento. Geri-lo significa buscar garantir que todos os membros da família sejam capazes de adquirir conhecimento, tanto no que diz respeito à formação acadêmica, quanto à gestão financeira.

O motivo disso é que o capital intelectual ajuda cada nova geração a manter o capital financeiro, perpetuando e aumentando o patrimônio. A ideia é que os herdeiros possam gerir suas riquezas, de maneira independente, contribuindo com a família na gestão do patrimônio. Por esse motivo, a busca por capital intelectual deve ser contínua e vista pelos membros da família como algo fundamental para o sucesso de cada nova geração.

Nesse sentido, o wealth manager orienta a família em relação à busca por capacitação. Esse conhecimento é essencial, inclusive, na hora de traçar as estratégias imediatas de gestão de patrimônio relacionadas à preservação e expansão. Quanto mais conhecimento família possui, melhor é o entendimento entre o gestor e seus membros em relação às decisões de investimentos.

Gestão de patrimônio: Capital humano

O capital humano consiste nas pessoas que compõem o grupo familiar. Diz respeito à contribuição que cada membro pode dar à família enquanto um grupo. Por isso, a gestão do capital humano é pautada na convivência e no bem comum da família. Fazer a gestão do capital humano é estimular o desenvolvimento pessoal de seus membros e trazer à tona valores que perpassam a formação humana, ética e moral.

Gestão de patrimônio: Capital social

O capital social diz respeito à preocupação da família com as pessoas de modo geral, sejam elas da família ou não. Está diretamente ligado à responsabilidade social que uma família bem estruturada e de sucesso financeiro costuma ter para com a sociedade. As famílias com grandes fortunas geralmente contribuem com a sociedade, primeiramente porque acreditam que podem auxiliar na mudança social. Além disso, também se sentem no dever de retribuir o sucesso angariado por meio de seus negócios.

A gestão do capital social engloba filantropia, apoio a atividades culturais, esportivas ou de educação. Cabe à família decidir, junto ao wealth manager, o que mais lhe agradaria em termos de ações sociais. O planejamento deve ser realizado com base nos objetivos de cada um dos capitais da família.

Com essas informações, sem dúvidas está claro para você que não vale a pena insistir em colocar a responsabilidade de gerir o patrimônio em um membro da família. Agora que você sabe o quanto é mais seguro contar com um acompanhamento profissional na gestão de patrimônio, informe-se ainda mais sobre a atuação do gestor de patrimônio.

Fonte: Juliano Pinheiro Advogado