Ajuste nos juros traz a inflação pra mais perto das pessoas

Lidar com juros e realizar ajuste fiscal, um conjunto de políticas que busca equilibrar o orçamento do governo, pode desestabilizar o Banco Central e piorar a dívida pública.

Na década de 90 o Brasil fez a lição de casa seguindo as premissas do “Consenso de Washington”, dos Estados Unidos, através do FMI (Fundo Monetário Internacional) e o Banco Mundial, que estabeleceu reformas comerciais, como a lei de responsabilidade fiscal, meta de inflação, câmbio flutuante, fatores que fi zeram do Real uma moeda estável, que colocou o Brasil entre as maiores economias do mundo.

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Para o Tiago Berriel, professor do Departamento Econômico da PUC-RJ e responsável pela análise econômica da Pacífico Gestão de Recursos, uma das maiores gestoras de recursos do mundo, o Brasil está na “antessala” (uma espécie de sala de espera) da dominância fiscal (quando a política monetária – política de juros – do país é ineficaz para combater a inflação, já que o quadro de cobranças fiscais vai mal), ou seja, para o economista, o Brasil está perto de chegar dessa situação crítica e, a discussão feita pelo Banco Central com o Copom (Comitê de Política Monetária)  deveria expor claramente a necessidade de um ajuste fiscal (um conjunto de políticas que busca equilibrar o orçamento do governo) que estabilize a dívida pública urgentemente, para que, assim, o Banco Central possa diminuir os juros. Hoje, o governo apresenta uma previsão de fechar as contas com um déficit de R$ 51,8 bilhões.

Com a estrutura política dificultando muito a geração de superávits primários futuros (ou seja, um resultado positivo no saldo de toda as receitas e despesas do governo), as pessoas devem começar a revisar suas expectativas para o fiscal, se reorganizar, e isso reforça o papel do lado fiscal na determinação da inflação (aumento no valor dos preços de produtos e serviços). Então, por isso, o Brasil estaria na antessala da dominância fiscal. Para Tiago, é melhor o Banco Central esperar para ver se o país chegará nessa situação ou não, porque é possível que ocorra o risco de corromper os canais já definidos da política monetária do Brasil. Só o fato de existi r uma incerteza sobre essa situação, exige atenção do BC.